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Entrevista com a escritora Janaína de Figueiredo

Atualizado: 27 de out. de 2022

Batemos um papo delicioso com a autora do nosso lançamento "Seu Tainha",

Janaína de Figueiredo

1) No livro, nosso querido Seu Tainha se apresenta como um “velho barco de pesca". Como surgiu a ideia de escrever uma história sobre um barco (um menino e uma janela) e ser o próprio barco quem narra a história?

Eu costumo dizer que algumas histórias já existem dentro do escritor ou da escritora. De alguma forma, Seu Tainha estava guardado em mim à espera de seu nascimento. E isso aconteceu quando voltei a morar em minha terra. Foi um reencontro comigo, com meu passado e com esse universo caiçara no qual faço parte. Escrever sobre um barco caiçara significa dar voz a uma certa paisagem brasileira e a um certo modo de vida à beira-mar.

2) Nos seus livros, a oralidade e conexão com a cultura popular é muito importante. Nós podemos chamar “Seu Tainha” de um livro caiçara?


Você tem razão, a oralidade é uma marca da minha escrita. Eu diria que no livro há uma moldura caiçara ou ainda, uma representação desse universo. A literatura ainda reserva pouco espaço para essa representação. Mas, o núcleo da narrativa gira em torno de 4 temas: a passagem do tempo, os encontros, as despedidas e a perspectiva do olhar.

3) Em sua bio, você diz que Seu Tainha foi um encontro com sua memória afetiva. Pode nos contar um pouco sobre sua infância no litoral? Você acredita que essas memórias influenciam em seu trabalho com a escrita?

Os meus livros nascem a partir das minhas experiências cotidianas ou de minhas lembranças. Ultimamente, tenho revivido muito meu passado. Seu Tainha convocou minha memória de infância! Assim como Seu Tainha, "as minhas histórias {também} carrego no casco". O cheiro do mar, o som dos barcos de pesca, as paisagens à beira-mar têm me inspirado a escrever sobre este tema. Quando eu era criança, as ruas eram de terra, as festas juninas eram feitas em cada rua do Bairro, os vizinhos trocavam receitas no portão. A praia era nosso espaço de lazer, de encontro e brincadeiras. A paisagem imprimiu marcas no meu corpo, nas minhas lembranças.

4) Seu Tainha fala sobre amizade, encantamento e também os ciclos da vida. Qual o papel da literatura para crianças na discussão desses temas?


Um bom texto literário é aquele que apresenta diversas camadas e nos possibilita múltiplas interpretações. Seu Tainha é um livro aberto que pode ganhar o mundo, ser visto de várias maneiras pelo leitor ou leitora. A literatura para infância e juventude precisa, primeiramente, encantar. A experiência estética deve ser o ponto de partida e chegada. Afinal, estamos no campo da arte! Por outro lado, é importante que a literatura incorpore diversas vozes. A cultura caiçara faz parte da nossa cultura brasileira, cuja característica marcante é sua diversidade. Então, penso que o Seu Tainha, além da experiência estética também traz a experiência com a diversidade cultural brasileira.





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